sábado, 15 de setembro de 2012

                                              Breve análise do suicídio

    Se posso ter uma certeza absoluta na vida, esta é a da morte. Fecham-se os olhos, cessa-se o respirar, paralisam-se as batidas cardíacas, sobram-se as memórias. Nada é novo. São quase premeditações do fim do ciclo. Porém, o que consiste transcendentalmente o verbo morrer? Talvez seja uma pergunta presente em todas as eras da humanidade. Desde o nascimento dos cristãos, com seu Deus todo-poderoso reinando sob o céu, até o surgimento dos tranquilos budistas e seus ideais de formação espiritual, a resposta buscada é a mesma: o que vem após a morte? Lamento lhe informar que não me chamo Brás. Portanto, lhe escrevo vivo. Estou distante da resposta. Talvez tenha minha ilusão de como se é deitar na cama dura, também conhecida por caixão. Aqueles olhos lacrimejados a me encarar e relembrar. E eu, vagando espiritualmente rumo ao Paraíso. Encontrando ídolos, parentes queridos. Inalando o odor das flores mais belas. Sentindo a pureza das nuvens... Quando chegar o momento talvez volte para lhe contar. Ou... e se eu forçar propositalmente o sono eterno? E se eu rumar ao escapismo melancólico da depressão psíquica? É leitor mais desprovido... e se eu assassinar uma vida? A minha vida! Seria um suicida, obviamente. E justamente esta classe que preciso analisar. Nobre classe. A vanglorio! Ah... os suicidas. Você e mais meio bilhão de pessoas talvez me critiquem com veemência. (Eu disse meio bilhão?) Pense comigo. O que leva o suicida a seu ato? Medo da vida? Covardia? E se víssemos por uma outra ótica? E se fossem os verdadeiros corajosos? Sim. Talvez o são. A coragem para buscar a grã-resposta. Aquilo que se tem detrás da vida. Dizem os católicos que eles ficarão vagando no Purgatório. Mas que comicidade! Quem é que lhes contou tal fato? Deprimente ato! Os suicidas são belos. Sim... São cheios de pureza. Cheios das sentimentalidades. E talvez seja isso o que lhes inspiram a buscar o outro lado. Talvez seja a vontade de alcançar o mundo equilibrado. O equilíbrio desequilibrado. Essa importância que se dá à morte é vão egocentrismo terráqueo. As várias dimensões nos oferecem mais. Não, eu sei que desconheço o que se sonha no sono eterno, mas visualizo. Visualize! Faça a programação pós-morte. Ah suicida hipócrita... À todo instante você mata o seu próprio tempo. O pó da sua ampulheta escorre cada vez mais rápido. E muito por sua culpa. Ou discorda de nossa intoxicação leviana do mundo? Portanto, não critique o imediatista. Nós todos nos matamos. O mundo todo é uma bola automutilante. Convenhamos... cada um tem seu momento. Aceite a perda de seu viver meu caro. Aos poucos ou agora. Também entrarei nessa. Afinal, o que é a vida? Apenas um suicídio gradativo.