segunda-feira, 26 de dezembro de 2011


                                 Apenas seja...                       


Às vezes fico assim pensando... Existem tantos ângulos para minhas observações. Tantas cores se abraçando e se soltando. Tanto preto no branco e branco no preto. É engraçado olhar as coisas de jeitos diferentes. São modos. Modos de se vestir, de se expressar, de sorrir ou de apenas olhar. Mas são tão diferentes. Digo, há maneiras de se mostrar. E é gozado perceber que o sorriso da vizinha é diferente do de meu pai. Que as lágrimas da menina chorosa ali da frente são totalmente incomparáveis com o choro da criança que acabou de nascer. É perceptível que o ser humano nos proporciona essas peripécias. A possibilidade de ver as mesmas situações, porém com significados completamente inversos. A oportunidade de se surpreender com o básico e habitual. Vi, revi, e verei mais vezes. Entretanto, cada olhar, cada sorriso, seu ou meu, não importa o sujeito, tem marca própria. E, meu amigo ou amiga, sabe o que me surpreende ainda mais? Perceber que o que proporciona essas diferenças de sensações, embora de mesmas ações, somos nós mesmos. É! Nós, que vemos o sorriso ou o choro, o grito ou o silêncio.  Você que está triste nesse momento. Pense. O que essa tristeza te diz? Você sabe por que está triste?  E se eu lhe visse agora? Eu saberia dizer se está na fossa ou na bossa? Isso acaba onde quero chegar. O que sua imagem me transmite, faz, em minha mente, um estereotipo seu. Se, nesse momento eu te faço sorrir. O que eu arranco de você, não são apenas dentes lustrosos em sua mais inocente exibição. Eu lhe arranco a tristeza. Estanco a imagem cabisbaixa.  Acho que talvez não tenha captado meus pensamentos. Mas vou tentar deitar sob as palavras. Você, suas sensações e sentimentos, só existem porque ele existe. Porque ela existe. Quem? Ele, ela? Sim. O ser humano que te faz sorrir. A pessoa que te faz infeliz. Nós, tão estranhamente independentes psicologicamente, na verdade, não somos nada. Nada sozinhos. Somos instigados a sermos algo. Nossos modos são reflexos dos modos do amigo, parente ou conhecido. Da teia densa e extensa que é a vida humana. Somos absurdamente interdependentes. Esqueça aquela história de vencerei com minhas próprias forças. Somos cativados. Cada ser que cruza nosso caminho, desperta um novo Rafael, uma nova Ana, uma nova Amanda por dentro. Somos minuciosamente feitos de todos os tipos humanos. O vilão e o mocinho. A patroa e o empregado. A estranha e o popular. Está guardado em nossa alma. Mas a cada pessoa nova que cruza meu caminho, sou despertado de uma forma. Não são faces da mesma moeda. Não é nada disso. É apenas a realidade. Somos despertos a todo instante. Entretanto, em partes. Acho que talvez seja um pensamento com profundidade em excesso e dificuldade de cognição. Acalme-se. Não estou insinuando que seja incapaz de entender. Mas há suas reais dificuldades. Até para este que escreve o pensamento, é complicado reconhecer a verdade. Ou a estúpida mentira, caso discorde de todas minhas palavras.  Mas ando vendo assim as coisas. Cada pessoa nova, um Rafael novo. Lados antes escusos tornam-se predominantes. É como se fossem várias pessoas dentro de apenas um corpo. Uma mescla de seres. Só preciso ser pra ser, embora, na verdade, já seja. 

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