Apenas
seja...
Às vezes
fico assim pensando... Existem tantos ângulos para minhas observações. Tantas
cores se abraçando e se soltando. Tanto preto no branco e branco no preto. É
engraçado olhar as coisas de jeitos diferentes. São modos. Modos de se vestir,
de se expressar, de sorrir ou de apenas olhar. Mas são tão diferentes. Digo, há
maneiras de se mostrar. E é gozado perceber que o sorriso da vizinha é
diferente do de meu pai. Que as lágrimas da menina chorosa ali da frente são
totalmente incomparáveis com o choro da criança que acabou de nascer. É
perceptível que o ser humano nos proporciona essas peripécias. A possibilidade
de ver as mesmas situações, porém com significados completamente inversos. A
oportunidade de se surpreender com o básico e habitual. Vi, revi, e verei mais
vezes. Entretanto, cada olhar, cada sorriso, seu ou meu, não importa o sujeito,
tem marca própria. E, meu amigo ou amiga, sabe o que me surpreende ainda mais?
Perceber que o que proporciona essas diferenças de sensações, embora de mesmas
ações, somos nós mesmos. É! Nós, que vemos o sorriso ou o choro, o grito ou o
silêncio. Você que está triste nesse
momento. Pense. O que essa tristeza te diz? Você sabe por que está triste? E se eu lhe visse agora? Eu saberia dizer se
está na fossa ou na bossa? Isso acaba onde quero chegar. O que sua imagem me
transmite, faz, em minha mente, um estereotipo seu. Se, nesse momento eu te
faço sorrir. O que eu arranco de você, não são apenas dentes lustrosos em sua
mais inocente exibição. Eu lhe arranco a tristeza. Estanco a imagem cabisbaixa. Acho que talvez não tenha captado meus
pensamentos. Mas vou tentar deitar sob as palavras. Você, suas sensações e
sentimentos, só existem porque ele existe. Porque ela existe. Quem? Ele, ela?
Sim. O ser humano que te faz sorrir. A pessoa que te faz infeliz. Nós, tão
estranhamente independentes psicologicamente, na verdade, não somos nada. Nada
sozinhos. Somos instigados a sermos algo. Nossos modos são reflexos dos modos
do amigo, parente ou conhecido. Da teia densa e extensa que é a vida humana.
Somos absurdamente interdependentes. Esqueça aquela história de vencerei com
minhas próprias forças. Somos cativados. Cada ser que cruza nosso caminho,
desperta um novo Rafael, uma nova Ana, uma nova Amanda por dentro. Somos
minuciosamente feitos de todos os tipos humanos. O vilão e o mocinho. A patroa
e o empregado. A estranha e o popular. Está guardado em nossa alma. Mas a cada
pessoa nova que cruza meu caminho, sou despertado de uma forma. Não são faces
da mesma moeda. Não é nada disso. É apenas a realidade. Somos despertos a todo
instante. Entretanto, em partes. Acho que talvez seja um pensamento com
profundidade em excesso e dificuldade de cognição. Acalme-se. Não estou
insinuando que seja incapaz de entender. Mas há suas reais dificuldades. Até
para este que escreve o pensamento, é complicado reconhecer a verdade. Ou a
estúpida mentira, caso discorde de todas minhas palavras. Mas ando vendo assim as coisas. Cada pessoa
nova, um Rafael novo. Lados antes escusos tornam-se predominantes. É como se
fossem várias pessoas dentro de apenas um corpo. Uma mescla de seres. Só
preciso ser pra ser, embora, na verdade, já seja.
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