terça-feira, 13 de dezembro de 2011

                                                Sementes celestes


Saiu nos jornais da manhã: meteoritos invadirão a órbita terrestre e proporcionarão uma chuva estelar aos terráqueos do planeta azul. Pode ser banal pra maioria das pessoas, mas foi a notícia do ano pra este que escreve. Estrelas cadentes! Melhor, uma tempestade de estrelas cadentes. A beleza é indescritível. Mente aquele que diz não ver graça nos pequenos pontos luminosos da imensidão. Admiro-as como um gato admira o rato. Como o lobo vislumbrando sua presa. Com prazer. Água na boca. Como? Água na boca? Sim, meu caro. Tenho vontade de comer as estrelas. Quem sabe a doçura que envolve o céu não pudesse envolver minhas entranhas. Meu suco gástrico tão amargo. Deve adocicar. Exalaria um hálito de graciosidade, assim como as azaleias. Prefiro azaleias a rosas. Acalme-se você que enlouquece ao receber rosas do amado. Tenho uma explicação. Vaga, infértil e sem sentido. Mas a possuo. Sinto que as rosas são esnobes. Tão queridas, elegantes, desejadas. E as azaleias. Simples, humildes, amadas por poucos. Sinto-me atraído por aqueles que são pouco amados. Por essa razão as azaleias me são mais comoventes. Mas e quem quer saber? Como sou intolerante! Ninguém me perguntou sobre flores. Consciência, volte para as estrelas!
As estrelas... sim. Me parecem premissas. Na verdade são sementes. Não há boatos de que os bebês são trazidos pelas cegonhas? Então!  As luminosas são pequenas sementinhas que carregam nossos sonhos. Não acredita? É normal... afinal, a humanidade quase nem sonha mais... Entretanto eu ainda sonho. E ainda acredito em boatos. E às vezes também os espalho. E esse é o meu boato. As estrelas são sementes de sonhos. Isso me faz ter respostas do por que admiramos tanto a queda daquelas que brilham. Nossos desejos, nossa aspirações, parecem tornar-se próximos. Chegam perto do tangível. E isso acorda nosso subconsciente. Você. Cético mesquinho. Não venha desacreditar minha teoria! Pois eu sei muito bem, logo que acabar de ler essas palavras, será o primeiro a olhar para o céu em busca de seus sonhos. Afinal, estamos perdidos. Isolados na galáxia da descrença. Envoltos pelo buraco negro da monotonia. Absortos nos meteoros sem cores. Esquecidos de que o verdadeiro Sol é aquele que brilha dentro de cada ser. Que a verdadeira Lua está sob o olhar daquele que admiramos. De que as estrelas que cortam a paisagem nesse momento, nada mais são do que um resgate de Deus. Um clarão rápido e silencioso. Que em mim permanece por anos e sussurra meus mais intragáveis desejos. Que em você, sendo descrente ou não, inevitavelmente não deixará de fazer o mesmo. Admiremos as sementes celestes.

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