sábado, 3 de dezembro de 2011

                                 Indesejável, porém necessário...


Ah tristeza... por que é que tu existe mesmo? Eu sei... sei que não obterei resposta pra tal indagação. Mas dói. Queima. Arde. Ao menos mais branda poderia ser. Concorda comigo? Você que lê isto nesse exato momento. Concorde comigo. A tristeza podia ser mais suave conosco. Discorde comigo também. Aliás é por discordar. Debater. Ter coragem de dizer não, que acabei caindo nesse fundo sem poço. Ou seria poço sem fundo? Não sei. A mágoa que me alavancou inversamente é justamente por conta de situações como essa. Situações de discordância. Mas o que é discordar? Ignorantemente dizer não ao invés de sim? Sim ao invés de não? É engraçado como sou sugado. Sugado por algo que sei não ser meu reflexo. Talvez seja justamente por isso. Quem quer ver o próprio reflexo a dois dedos de seu nariz? Quem? O egocêntrico mais patife desse mundo suspeita disso. Suspeita que se ver todos os dias e achar-se o máximo é, coincidentemente, o máximo. Mas até mesmo ele sabe que nós, seres humanos, não desejamos clones de nós mesmos. Queremos o oposto. O descabido. Aquilo que nos norteia de um modo não suave, mas rebelde. Não doce, mas amargo. Diga-me. Por que isso acontece? Por que o interesse humano baseia-se no contra? Sei que estou enchendo esse mísero texto de questionamentos. Mas meu caro ou minha cara. Quem não questiona as estrelas, não sabe o que sinto. Quem não questiona as palavras, não sabe o que penso. Aliás, falando em palavras. Por que existe esse artefato palavra? De que adianta saber o alfabeto, seja em hebraico ou em hindu, em italiano ou latim, se quando precisamos usá-lo parecemos homens da pedra. Da caverna. Da verdade. Pensando melhor. É isso que acontece. A verdade é difícil de ser proferida. Mil palavras caem na nossa língua para uma ser pronunciada. Com certa dificuldade aliás. Mas me orgulho. Você aí. Orgulhe-se também. Você venceu milhões de guerras nucleares dentro das suas entranhas. Mas disse. Falou. Esclareceu. Eu sei que estas palavras estão confusas. Parecem frases jogadas ao vento. Mas esse é meu objetivo. Proferir tudo e nada ao mesmo tempo. Você que lê pode se atar ao nada. Entretanto eu sei que disse tudo. Ah... Balela minha. Ninguém abre o jogo assim. Existem milhares de coisas que mantenho em segredo. Entretanto essa é minha distração. Minha luz da felicidade no fim do túnel. Minha certeza de que o medo não me corrói mais. De que o que quero eu faço. Ou melhor, eu tento. Não tenho medo. Embora devesse, não possuo esse sentimento medíocre. Pois eu sei que tenho, no mínimo, mais algumas décadas de vida. Privar-se, seja do que for, daquilo que se tem vontade, é burrice. Você! Diga que é orgulho, que não é burrice. Ou melhor, não diga. Grite. Berre. Ensurdeça-me. Faça isso. Tão solenemente digo que eu gosto de seu jeito. Desculpe-me você que lê. Mas agora me dirijo a apenas uma pessoa. Você, que sobrevoa, corre e mergulha no fundo de minha alma. Tu sabes que é você. Não se finja de inocente. Pense em tudo. Também estou nesse momento a pensar. Vale a pena? É compensador correr o risco? Esqueça essas suas respostas. O que eu quero eu irei batalhar. E você, desculpe-me, faz parte da minha estrada. Da estrada do querer mesmo sem poder. Do nocautear mesmo estando nas cordas. Nas cordas da indesejável, porém existente, tristeza da vida.

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